"Santarém, paraiso ou chão em poesia?"
Paulo Paixão.
Revelou-se em mim a atmosfera
Do paraíso, ainda quando menino:
Um lugar sagrado, amado, por homens,
Anjos e todos os seres vivos.
A Deus, um hino de louvor!
Aos homens, versos cálidos de amor!
Meus dias se passaram nas bravas
Ondas e nos plácidos rios...
Vindo a alvejar os fios dos meus cabelos.
Mas, o alvorecer e o entardecer edênicos,
Aqueles que douraram os meus sonhos,
Vê-los, ainda hoje, mesmo em gris,
Posso vê-los e senti-los.
Nurandaluguaburabara o viu e o sentiu,
Frei Gaspar de Carvajal o viu e o sentiu.
Sem sabê-lo Éden, Francisco Orellana o viu
E o sentiu, mas seus sentidos cederam vez
Ao que, talvez, fosse a cobiça portuguesa.
Os homens avançam em sua empresa!
Precisam navegar, precisam remar a vida...
E na sua passagem agem como predadores.
Que dores, que lágrimas, que saudade!
Nada, incrivelmente, nada o detém
Em sua escalada!
Malocas que se tornaram aldeia
E depois vila e depois cidade...
Capela, latada, igreja da Imaculada e
O entrechoque no temido forte.
Um merecido minuto de silêncio
Aos nossos avós... os guerreiros Tapajós!
A sina do homem é: sobreviver ou resistir,
Se possível, com prazer,
Ainda que, ao seu lado, nada mais possa existir!
No paraíso corre um veio azul de rio,
Que flui a borbotão na veia do poeta,
Na mente do esteta e não os deixa em paz...
Fá-los submissos, fá-los obsessivos compulsivos
Criadores de ilusões, de fábulas, de amores irreais,
De visões...
Violões dolentes que amolecem
Os mais árduos e duros corações nas praças,
Na orla da frente da cidade e que,
Por sua vez, são inspirados pelos ganzás dos banzeiros,
Que trazem nas suas abas o perfume das várzeas,
Os vozeiros indecifráveis das visagens e sacis,
O gorjeio sensual das sereias em lua-de-mel
E os sopros afrodisíacos dos botos tucuxis.
Santarém, o paraíso que insisto em sonhar.
Amo tuas praias alvas e extensas,
O secular campanário da matriz
De Nossa Senhora da Conceição,
O azul-lilás ametista do teu rio
Ou o verde-esmeralda do lago verde de Alter do Chão!
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