Violência e turismo em Alter do Chão

Por: MARCOS SANTOS*

Foto: Agência O Globo

Alter do Chão voltou ao noticiário nacional neste fim de semana. A notícia que levou o nome da vila do povo Borari à grande mídia, infelizmente, foi um fato lamentável, um crime: um caso de violência contra uma mulher. A vítima é uma argentina. Tal qual um rastilho de pólvora, a notícia se espalhou pelos quatro cantos do país e teve repercussão negativa para os moradores, comerciantes e empresários da comunidade, sobretudo às vésperas da maior manifestação cultural do interior do oeste do Pará, o Sairé.

Restando poucos dias para o início da festa, que atrai turistas de várias partes do Brasil e do mundo, teme-se que este fato possa ofuscar o brilho do festival e também diminuir o fluxo de visitantes neste período quando começa a alta temporada na vila. Nos últimos dias, os casos de assaltos e roubos também aumentaram e deixaram o lugar com um clima de medo e insegurança.

De fato, o caso do estupro à turista argentina pegou mal para a comunidade, mas há de se ressaltar que este tipo de crime poderia ter ocorrido aqui ou em qualquer outro lugar do planeta! Turistas são sempre vítimas de bandidos, sejam assaltantes, batedores de carteiras, traficantes, aliciadores, estupradores e outros golpistas. Numa rápida pesquisa no Google, quando se digita: ‘turista é assaltado’, ‘turista violentada’ ou ‘turista é morto’ aparecem dezenas de informações sobre esses crimes nos principais pontos turísticos do Brasil e também do mundo! São notícias lamentáveis, vergonhosas e que causam impacto imediato. A maioria dos registros desses crimes é com vítimas que se afastaram de seus grupos ou amigos e foram para locais que dificilmente têm segurança ou policiamento.
A turista argentina, violentada em Alter do Chão, segundo os relatos de testemunhas, dela própria e conforme investigação da polícia, estava na trilha que dá acesso à ‘Serra Piroca’, lugar que em 2012, ocorreu um dos crimes mais violentos do município: a morte brutal e covarde do casal Mauro Borges e Jéssica Gomes, jovens que foram assassinados por um grupo de rapazes. A moça foi violentada pelos criminosos. A trilha até hoje é uma rota bastante visitada pelos turistas. Mas não tem segurança alguma. Trata-se de um dos pontos preferidos à visitação de quem vem de fora. Oferece uma vista incrível de Alter do Chão! E certamente continuará no roteiro turístico de quem aqui vem para conhecer o lugar por sua beleza natural e não por ter sido o cenário de uma tragédia.

O assassinato brutal de Mauro e Jéssica vai completar no próximo dia 21 de outubro, cinco anos. E cinco anos depois, novamente o mesmo lugar volta aos noticiários por causa de uma tentativa de estupro. Um fato isolado. Já que esse tipo de crime não ocorre com frequência.
É sempre bom ressaltar, portanto, que a violência não é exclusiva da vila de Alter do Chão. A turista argentina poderia ter sido vítima desse crime aqui na nossa bela Alter ou um morro do Rio de Janeiro, visitando o Cristo Redentor. Ou quem sabe, um gueto em Paris.
A vila de Alter do Chão continuará com seus encantos naturais, com sua gente acolhedora. Pessoas que recebem bem seus visitantes e que fazem deste lugar, o seu quintal e que lutam para manter os atrativos da comunidade, conhecida mundialmente por possuir uma das praias de água doce mais bonita do Brasil. E continuará sendo a mais linda!
Apesar do desenvolvimento que chegou à vila, com o surgimento de vários empreendimentos, principalmente no setor hoteleiro, Alter do Chão mantém seu aspecto bucólico, seu charme natural, atraindo turistas do mundo inteiro.

*Jornalista e editor do blog Quarto Poder

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