Instituto deve lançar em breve obra sobre as histórias do "Arara"


O historiador Cristovam Sena, através do Instituto Cultural Bonerges Sena, como parte do projeto "Memória Santarena", deve lançar em breve o 7º volume da série. O livro conta a história de um dos ícnones do futebol santareno: o árbitro de futebol e apaixonado pelo esporte , Ismaelino Santos, o "Arara". A obra relata algumas das muitas histórias de Ismaelino como protagonista no cenário esportivo da pérola do Tapajós.Abaixo, uma das boas histórias do "Lendário Arara" relatada no livro. 

"O cínico"

Se havia algo que o velho juiz não aprovava era o cinismo dos jogadores. 

Punia com rigor qualquer um que tentasse ludibriá-lo com simulações de faltas, sobretudo aquelas que acontecessem perto ou dentro da área. “Isso faz mal para o futebol e pode levar o juiz a um erro fatal”, justificativa.

Certa vez, porém, viu-se no limite entre a falsidade e a mais dolorosa verdade.

O jogo era no campo do “Poeirão” - nem precisa explicar o motivo do nome. A disputa renhida levaria o vencedor para a final do campeonato. Peleja disputada até o final. Dois a dois. Um expulso de cada lado, e a torcida a ponto de invadir o campo, tal era a dureza das faltas e a distribuição dos cartões. Se terminasse empatada, o vencedor seria conhecido nos pênaltis – nada melhor para o árbitro, agora xingado pelos dois lados. 

Mas eis que o destino cruel resolveu mostrar sua face. Faltando dois minutos para acabar a partida, o jogador mais atrevido, mais habilidoso, mais rápido e também o mais dissimulado e “cai-cai”, entra com a bola na área, dribla um, dois, três e... cai.

Um pouco afastado do lance, Seu Ismaelino Arara dispara em direção à área. O que fazer? Foi pênalti? Não foi? 

O baixinho atirado ao chão já tinha um cartão amarelo. Seria expulso, então, caso estivesse fingindo ter sido atingido pelo zagueiro adversário. Enquanto se aproximava do jogador e diante da desaprovação dos adversários, ele retira do bolso o cartão vermelho. Iria tirar do jogo – e da final – aquele dissimulado, que tentara enganar a boa fé do árbitro rigoroso.

Quando viu que Arara se aproximava dele, com o cartão vermelho na mão, e ciente de que, de fato, nada lhe acontecera, o esperto jogador colocou a mão no rosto e pôs-se a chorar. Isso mesmo: chorou como se tivesse perdido a mãe. “Seu juiz, está doendo muito!”, disse com as mãos sujas de areia a cobrir-lhe o rosto cínico.

Na mesma hora, o árbitro aponta para a marca do pênalti, apitando com toda a força dos pulmões. Logo se fez uma grande roda em torno do Seu Ismaelino, que, justificava: “Vocês viram. Ele está chorando. Então, foi pênalti!”

Ninguém conseguiu demovê-lo da ideia. 

- Eu sei o que é isso! Ele está sentindo muita dor. Pênalti!

Sem câmera de replay, sem auxiliares na linha de fundo, naquele “Poeirão”, ficou a certeza de que o velho árbitro acertara novamente. 

- Se ele estava chorando é porque foi pênalti – concordavam as duas torcidas, respaldando a decisão do juiz.

- Foi pênalti!!!!

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