Dica: A redação no Enem

O mistério sobre o tema da redação pode tirar o sono de quem está prestes a fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste fim de semana. Ainda que não se possa afirmar com absoluta certeza, alguns assuntos têm mais chances de aparecerem na prova, como tragédias naturais, corrupção e educação.


Para a professora de redação do Curso Etapa, de São Paulo, Célia Passoni, informar-se sobre os principais acontecimentos do mundo e compará-los com as situações vividas no Brasil é o ponto de partida para uma boa redação. Segundo a professora, como a prova do Enem é muito extensa, é extremamente importante que o aluno consiga fazer rápidas conexões, principalmente entre as realidades dos países mais citados nos jornais no último ano e as ocorrências brasileiras. "É o caso dos temas relacionados com os desastres naturais e sustentabilidade, amplamente debatidos pela mídia em 2011", afirma.


Professor de redação do Rumo Pré-vestibular, de São Paulo, Luiz Manaia dá mais uma dica valiosa: as formas técnicas da redação continuam valendo. Utilizar preferencialmente a terceira pessoa do singular, evitar repetições e respeitar as margens e os parágrafos - com apresentação do assunto na introdução, argumentação no desenvolvimento e apresentação de uma solução na conclusão - são requisitos para um texto exemplar, independentemente do assunto.


O Terra consultou três professores de cursos preparatórios sobre os possíveis temas da redação do Enem. Confira as cinco apostas dos entrevistados:


1. Capacidade de superação do homem frente a tragédias naturais
Citado pelos três professores consultados, o comportamento humano em meio a tragédias naturais é o campeão de apostas. "Acaba sendo um tema amplo, quando, de repente, você tem que começar tudo de novo. É um tema que podem ser tratado de forma subjetiva ou mais objetiva", explica Neusa Maria Araújo, professora de português e suporte pedagógico de língua portuguesa do Ético Sistema de Ensino da Editora Saraiva.



Os terremotos no Haiti e no Chile, ocorridos em 2010, e o tsunami no Japão, que atingiu o país em março deste ano, podem ser comparados às recentes enchentes no Brasil, assegura o professor Luiz Manaia, do Rumo Pré-Vestibular. O enfoque cobrado, segundo Manaia, deverá ser o processo de reconstrução dessas nações. "Por que as coisas andam no Japão e no Chile e não no Brasil e no Haiti? Por exemplo, as tragédias naturais que ocorreram no Japão e no Chile já estão solucionadas, mas no Haiti e aqui não. Lógico que o problema é cultural. Então, o texto pode abordar a cultura de um país como referência diante de uma tragédia."
Para Célia Passoni, professora de redação do Curso Etapa, a prova deve se preocupar com as reações universais diante de situações extremas. "A pergunta deve ser como se deve enfrentar problemas de ordem natural e o que fazer para superá-los", sustenta.


2. As atitudes da juventude
Pegando como inspiração a morte da cantora britânica Amy Winehouse, a prova pode abordar um tema bem subjetivo, afirma Neusa. "Pode ser algo a respeito da relação com as drogas e com o álcool, que decorre, em geral, da incapacidade de lidar com o sucesso". Assim como Amy, que foi encontrada morta aos 27 anos, outras estrelas da música também morreram com essa idade.
Para Manaia, a prova pode questionar o aluno se o jovem tem que aceitar tudo ou deve contestar o mundo, o que passa pela questão da educação fornecida pelas instituições sociais tradicionais. "Acredito que possa ser alguma questão relacionada com adolescência, família e escola, e o papel de cada um deles", aposta a professora.
Ela afirma que a educação fornecida pelos organismos formais também pode entrar na discussão. Respostas a perguntas como "a escola tem o papel só de informar ou ela deve formar o cidadão?" ou "educação vem de berço ou esse é o papel dos professores?" podem ajudar na construção textual.


3. Sustentabilidade
Termo muito utilizado no último ano e cada vez mais valorizado por empresas e consumidores. A dica é ficar ligado nas questões ambientais, mesmo que você não seja um ativista da causa. "Normalmente, a prova de redação do Enem pega um tema atual e que esteja de acordo com as características e necessidades do que acontece no Brasil", explica a professora Célia. Assim, ela sustenta a discussão sobre fontes alternativas de energia.
"Como a prova sempre cobra uma proposta de intervenção ética, acredito que possa ser o caso da produção de energia limpa, como o governo está tentando fazer atualmente. É o tema em que eu apostaria", garante. As alternativas são muitas: energia nuclear, eólica, térmica, solar. Basta o aluno escolher o modelo que julgar mais adequado e explicá-lo na redação. É interessante pensar não só em políticas públicas de energia, mas como o cidadão pode colaborar e preservar o ambiente em que vive.


4. Intolerância com o diferente
Para Neusa, outro forte candidato ao tema da redação é a violência. "O bullying, por exemplo, voltou a ser falado com força total. Temos episódios no jardim de infância até a faculdade", afirma. Pela frequência de ocorrências que apareceram na mídia nos últimos meses, os textos de apoio podem abordar esse assunto, até de forma não verbal. Segundo a professora, alternativas sobre como combater a intolerância com minorias pode ser a abordagem principal da redação.
Usar os acontecimentos conhecidos para defender o ponto de vista do autor é uma boa saída. Nos casos de preconceito e homofobia, a professora alerta para uma dúvida comum: a liberdade de ser e agir socialmente de acordo com suas crenças e convicções. "Todos devem ter o direito de se expressar, tanto de um lado quanto de outro?", indaga. O estudante deve conhecer as realidades diferentes e conseguir se colocar diante delas sem fazer juízo de valores.


5. Corrupção, ética e cidadania
Tema também unânime de apostas, a corrupção pode aparecer na prova, abordada sob diversos aspectos. Levantada pela "faxina" que o governo Dilma exerce nos ministérios, a própria identidade nacional pode ser questionada. É no que acredita Neusa. "Esse foi um ano em que se pensou muito nisso, com os casos de corrupção e escândalos políticos. O que fazer e como tomar as atitudes para acabar com isso pode ser um ponto da redação", opina.


Lembrando que a prova exige uma proposta de intervenção na sociedade, o aluno deve apresentar alternativas para resgatar a cidadania brasileira como forma de acabar com a corrupção. Para Manaia, a ética no Brasil é um problema cultural. "O Congresso e o Senado fazem o que bem entendem, e o povo não toma uma providência", declara. Assim, a proposta do estudante deve incluir o aspecto cultural da corrupção, em nível individual e coletivo.


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