Santa Casa: Ex-diretora admite ter fechado as portas a grávida.

Manter as portas da Santa Casa de Misericórdia do Pará fechadas para atendimento de mães prestes a dar à luz devido à superlotação dos leitos e UTIs neonatais foi uma instrução dada pela administração da maternidade e não segue nenhum encaminhamento da Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa). Pelo menos foi o que afirmou o titular da pasta, Hélio Franco, após tomar conhecimento das declarações feitas pela ex-diretora do hospital, a médica Maria do Carmo Lobato.


No último sábado, a médica convocou a imprensa para uma coletiva na sede do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa). Maria do Carmo usou tom ríspido e acusatório durante a leitura de um breve pronunciamento sobre a recusa do atendimento a Vanessa do Socorro, mãe dos gêmeos de sete meses que nasceram mortos dentro de uma ambulância na porta da Santa Casa.


Ela se declarou indignada com a forma pela qual os profissionais da saúde envolvidos no caso estão sendo tratados e disse que a Sespa sabia da situação em que se encontravam os leitos de neonatologia - segundo ela, “crítica”, devido à superlotação.


Um dos trechos da nota lida pela médica afirma que existiam 123 bebês internados enquanto o hospital tem capacidade para apenas 107 leitos. “Havia extrapolado muito o nível de segurança dos bebês internados e não conseguíamos transferir os 16 recém-nascidos a mais, até aquela presente data”, leu a médica.



No documento, Maria do Carmo afirma ainda que na noite do dia 22 para o dia 23, apesar das restrições, foram atendidas pacientes na Santa Casa, e que isso pode ser comprovado verificando os registros de atendimento. “A restrição era para atendimento de gestantes de partos prematuros, cujos bebês tivessem possibilidade de necessitar de UTI ou UCI”, disse. Após a leitura, Maria do Carmo Lobato permaneceu em silêncio diante das perguntas dos jornalistas e em seguida se retirou.


Hélio Franco considera lamentável o posicionamento da médica e afirma que a decisão de afastá-la logo após o conhecimento do caso foi a mais correta. “Maternidade é para atendimento de urgência. Como a Santa Casa pôde fechar as portas para uma mãe em trabalho de parto alegando que havia restrições para partos prematuros, se nem sequer houve atendimento para saber a situação da mulher?”


O secretário afirmou ao DIÁRIO que a Sespa já havia tomado conhecimento de outros casos de recusa, e para solucionar a situação houve uma reunião com a ex-diretora, em que foram dadas orientações para o não fechamento de portas. “A própria Santa Casa colocou os profissionais em situação vexatória diante da opinião pública. O não atendimento era uma ordem administrativa, a superlotação não é motivo para justificar o ocorrido”, disse.


Maria do Carmo Lobato entrou com uma representação no Conselho Regional de Medicina (CRM) contra Hélio Franco, acusando-o de exposição da imagem profissional. A Sespa, por sua vez, continua investigando as decisões tomadas pela médica à frente do hospital. (Diário do Pará)

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