Até caminhando penso no Estado do Tapajós!


Paulo Paixão.


Meu relógio de pulso estava programado e me acordou às cinco e meia da manhã. Levantei, orei, tomei um banho e me preparei para caminhar ao longo da calçada do bosque de Belém.
De calção, camiseta e tênis, liguei meu velho fiat UNO e dirigi pelas ruas quase desertas da capital, constatando que o céu estava lactescente pela luminescência da lua cheia, redonda, como um prato, deslumbrando quem se acordasse àquela hora.
Depois de algum tempo, passei em frente ao hangar de convenções e contemplei mais uma vez o luar cor de prata, por entre os galhos mais altos da centenária samaumeira e me arrependi de não ter uma máquina fotográfica para efetuar tal registro de cenário tão belo.
Deixei o Uno bem agasalhado no estacionamento da 25 Setembro, lá onde a PMB fixou aparelhos de ginástica, onde, normalmente são os idosos que realizam seus exercícios físicos (os jovens acordam tarde e preferem as academias). Pois bem, fiz meu necessário alongamento e iniciei minha caminhada... Naquela hora da manhã há poucos transeuntes, exceto os caminhantes, como eu, que o fazem a bem da saúde.



Caminhava, ora rezando, ora olhando as pessoas, ora olhando o bosque com suas árvores de trinta a quarenta metros de altura. Às vezes, pensava na minha Santarém e mais no pretenso Estado do Tapajós. E assim divagava: “Tenho certeza que noventa por cento do povo do Oeste vai votar no SIM” ou “no município de Belém, talvez, tenhamos uns trinta por cento de votos favoráveis de pessoas oriundas da nossa região (Santarém, Monte Alegre, Alenquer, Oriximiná, Juruti, Itaituba, etc) e de indecisos insatisfeitos com as administrações governamentais (passadas e atual) ou mesmo daqueles que entendem a demanda do Oeste e do Carajás e acreditam que os pleiteantes têm sim todo direito de realizar seus sonhos, inclusive amparados legalmente pela Constituição Federal (Art. 18). Acredito que o nosso povo é muito esclarecido e sabe o que quer. Nós do Oeste formamos um só povo, praticamente, com os mesmos anseios, costumes tradições, problemas, realidades... Há, sim, diferenças, eis que até nós, seres humanos, filhos de um só Pai Eterno, fomos dotados de mecanismos que nos fazem ser seres individuais, com livre arbítrio, preferências e gostos próprios. Já pensou se fôssemos clones exatos uns dos outros? O mundo não seria interessante não é mesmo? Apesar de sermos seres multifacetados, livres pra pensar, e celestiais, quando se trata de relações sociais, sociedade, governo, etc, haja vista, a história, costumes e moral de certos povos, temos a tendência e o direito de traçar nossos planos políticos, conforme nossas crenças, necessidades, (para a nossa própria proteção e sobrevivência) tudo dentro do estado de direito, porque , se não fosse assim, o mundo seria um caldeirão de borbulhas caóticas pronto para um explosão!”
E minha caminhada prosseguia prazerosa, encontrando aqui e acolá com senhores e senhoras idosos, papeando, dando um “bom dia”, etc. Parei, de súbito, para ler as manchetes do jornal, tomar um cafezinho e amarrar o cadarço do meu tênis que estava solto. Voltei à minha malhação e viajei, novamente, na abstração “Ora, nossas reivindicações são justas e legais e, diga-se de passagem, seculares... Há mais de cem anos nossos avós e tataravós já queriam esta independência, pois, não havia razão plausível para sermos subjugados a um governo centrado lá pras bandas do oceano Atlântico, que sempre nos esquecera, que não compreendia nossas necessidades, ideais e que não tínhamos vínculos afetivos ou tradicionais em comum. Um dia, seja como fosse, teríamos de nos desmembrar e tomar conta dos nossos destinos e este dia chegou”.
Ao pensar desta forma, tomei um espanto, e disse em voz alta, alegre e feliz, espantando uma transeunte “Este dia chegou!”.
Assim, fiz uma hora de caminhada e pensei determinado, vou contar para o meu povo tudo que aflorou na minha mente durante esta caminhada! Feliz voto meu povo! Vote SIM!

Comentários

  1. Pois bem filho de Santarém, quem sabe com a divisão você volta pra sua querida cidade natal e pare de encher o saco e dar uma de filho da capital. =p

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