Uruará, conflito iminente.

Uruará está na iminência de um conflito agrário de grandes proporções entre agricultores e Força Nacional, que está na área para a segurança dos agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai) que demarcam a reserva Cachoeira Seca, por determinação do governo federal. O processo resultará na desapropriação de mais de 1.200 famílias, ou seja, cerca de 5 mil trabalhadores.


Para os moradores, trata-se de uma decisão impositiva e arbitrária, uma vez que agricultores, prefeituras, Câmara Municipal e sindicatos rurais e patronais afirmam que não é terra indígena. Os habitantes estão determinados em permanecer nas propriedades e dizem que “de lá só sairão mortos”.


A Funai, Polícia Federal e Força Nacional estão alojadas na área há aproximadamente duas semanas e, segundo o delegado da PF Mário Sérgio, responsável pela operação, “estão apenas cumprindo ordem superior”.



Os produtores que residem além da denominada ‘Linha Vermelha’ estão apreensivos, pois, com a demarcação, perderão suas terras cultivadas há quase 30 anos. Sem ter para onde ir e sem qualificação profissional para atuarem em outras áreas, um caos social pode ser desencadeado, se for dada a eles apenas a sede do município como opção e não houver emprego com que sustentem a família.


A resistência por parte dos produtores tem como base as diversas declarações dos representantes dos menos de cem índios da tribo dos Arara, etnia que reside nas terras em questão. Em reuniões com a comunidade, o cacique dos Arara teria deixado claro que não tem a intenção de ocupar uma terra já utilizada com lavouras, cercas e currais, que não serve aos seus propósitos e que não abriria mão da área chamada ‘Olhões’, que fica a uma distância considerável do local requerido.


O cacique também teria afirmado que a demarcação trará mais benefícios para a Funai do que aos índios, uma vez que não existiria “conflito” entre índios e posseiros - muitos deles já teriam, inclusive, recebido a posse da terra pelo Incra, assim como financiamentos para melhorias nas áreas.


AUDIÊNCIA


A sociedade civil organizada teme que a situação atinja o limite extremo. Preocupados, o prefeito de Uruará, Eraldo Pimenta, junto aos presidentes da Câmara Municipal, dos sindicatos rural e patronal e secretário estadual de Pesca, Asdrúbal Bentes, estiveram em Brasília, na última quarta-feira, em reunião com o ministro interino da Justiça, Luís Paulo Barreto, e um representante da Casa Civil. Uma nova reunião para discutir a questão foi marcada para o próximo sábado, desta vez junto aos colonos, e com a participação da ministra da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Regina Miki, e do comandante da Força Nacional, major Alexandre Aragon, para que a situação seja revista.


(Diário do Pará)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

43º edição do Festival Folclórico de Santarém inicia nesta quarta-feira, 23

Obra sobre a história do Baixo Amazonas

Maestro Isoca será homenageado em projeto cultural