Tacacá pode virar patrimônio nacional

Paraense nenhum põe reparo, mas que a apresentação é estranha, não dá para negar. Afinal, quem é que, à primeira vista, não fica desconfiado de um prato feito do fruto da cuieira (utensílio muito utilizado por índios), contendo goma, caldo extraído da mandioca, folhas de jambu e camarões secos? Se, para os paraenses a iguaria é a delícia dos deuses, para paulistas, cariocas, gaúchos, mineiros, dentre outros moradores Brasil afora, o prato é visto em geral como “comida de índio”, “estranho”, “difícil de encarar”. Porém, é possível que tudo mude daqui para frente. É que o tacacá, nome do prato, genuinamente paraense, está a um passo de ser declarado patrimônio cultural brasileiro, título concedido pelo Ministério da Cultura, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)



Integrando a luta para transformar o tacacá em patrimônio, uma exposição, montada na sede do IPHAN, em Belém, mostra as curiosidades da iguaria, como o ofício de tacacazeira, que enche mulheres de orgulho e fazem das tardes dos paraenses que não dispensam uma boa cuia com tucupi quentinho, jambú, camarões, goma e, claro, com a inigualável pimenta, mais regionais.


E por já ser considerado patrimônio imaterial, já que o ofício de tacacazeira é passado de geração para geração, o tacacá, talvez a mais paraense das iguarias típicas, se tornou objeto de pesquisa a partir do trabalho de centenas de mulheres que aprenderam com suas bisavós, avós e mães a arte de fazer, preparar e servir a “sopa”, que é como os turistas chamam uma das nossas mais deliciosas riquezas gastronômicas.


Tacacazeiras famosas


O tacacá da Yayá é um dos mais famosos de Belém. Dona Yayá (como era conhecida Francisca Chagas) morreu há 30 anos. Mas, a filha dela, Alderena Chagas Maia, deu continuidade ao negócio da família, que hoje é comandado por Terezinha (Tereza da Conceição), nora de dona Alderena, já que a idade já não lhe permite mais servir as boas cuiadas que os fregueses estão acostumados a receber até hoje. Já passou por dois pontos – na travessa Bernal do Couto e na Humaitá. Hoje, está instalada na calçada da avenida Alcindo Cacela, entre as ruas Diogo Moia e Oliveira Belo, no bairro do Umarizal. É lá que Terezinha ganha o sustento da família e se desdobra sozinha para atender a clientela, que chega a formar filas nos fins de semana.


Com 43 anos trabalhando como tacacazeira no mesmo local (bairro de Nazaré, exatamente no muro do colégio Nazaré), dona Maria do Carmo Pompeu dos Santos é um dos nomes mais expressivos quando o assunto é tacacá. Todo santo dia ela vende cerca de 150 tacacás. Isso de segunda-feira até sábado, pois quando chega o domingo, o número de cuias vendidas passa de 300. Para fazer a delícia, a tacacazeira utiliza, em dias mais fracos – se é que eles existem! – nada mais do que 40 litros de tucupi, 100 maços de jambu e 13 quilos de camarão. “Aos domingos, eu vendo o dobro”, avisa, com orgulho.


(Impacto com informações do: Amazônia Jornal)

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