Belém, cada vez mais distante do resto do Pará

Por: Prof. Henrique Branco


Henrique Branco


Não é novidade ou causar surpresas, as diferenças regionais no grande território de mais de 1,2 milhão de km² divididos em 144 municípios que compõe o estado chamado Pará, o segundo maior do Brasil, só perdendo para o vizinho, Amazonas. A grande dimensão territorial de nosso estado já foi centro de debates calorosos de especialistas em teorias de desenvolvimento regional e mentes que defendem o separatismo, criando outros estados dentro do Pará ou um novo arranjo institucional de ação sob o território paraense.

O clímax desta disputa dialética e teórica aconteceu em 2011, quando, pela primeira vez, um plebiscito ocorreu para que a população do Estado inteiro (na época em 7,5 milhões) decidisse o que aconteceria no território paraense. As regiões oeste, sul e sudeste do Pará, buscavam se desmembrar, criar novos entes federativos, materializados nas propostas federativas chamadas: Carajás e Tapajós.

O NÃO venceu e o Pará continuou do jeito que estava. Na época o recém eleito governador Simão Jatene (PSDB) que estava retornando pela segunda vez ao Palácio dos Despachos, após a definição da decisão popular que, aproveitando a concentração populacional na RMB (Região Metropolitana de Belém), manteve as dimensões territoriais, prometeu investir fortemente nas regiões mais afastadas da capital Belém. O mandato terminou e nada do que foi prometido pelo chefe do executivo paraense foi colocado em prática.

No último embate eleitoral, quando Simão Jatene disputou a sua reeleição contra Helder Barbalho (PMDB), o governador tucano retornou com as promessas de desenvolvimento regional. Desta vez, teorizou a criação de centros integrados de governo. Um em Marabá e outro em Santarém. A promessa era descentralizar a máquina pública estadual.



Estamos chegando ao sétimo mês de governo e até o momento nenhuma ação para a referida promessa de campanha acontecesse, torna-se algo prático. Não se percebem sequer, debates sobre os arranjos institucionais desses novos órgãos e suas ações efetivas.

A promessa, via discurso, de desenvolvimento regional no território paraense não é novo. Foi feito pelo governo da petista Ana Júlia (2007-2010) com apenas a mudança de nomenclatura. Os petistas chamavam essa ação de “sub-governadorias” que seriam assentadas nos mesmos locais pensado pelos tucanos. Da mesma forma a promessa não se concretizou. Pelo contrário, na distribuição orçamentária (ações de investimento do Estado), houveram reduções em todas as regiões paraense, com exceção da área que compreende a capital Belém. Ou seja, está institucionalmente aprofundando as diferenças regionais.

Nos próximos meses chegaremos a ¼ do governo tucano, o terceiro sob comando do economista Jatene e o desenvolvimento regional continua sendo uma retórica política, discurso eleitoral que se renova a cada quatro anos, mas sem efetivamente ações que consigam descentralizar a máquina pública que se enraizou nos limites da RMB e que de lá governam todas as regiões do Estado. Pelo visto, Belém está a cada dia mais distante do resto do Pará. Até quando?

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