Brasileiros chegam a Atenas e relatam terror e ajuda de líbios

Fonte: FOLHA


Após dois dias presos num navio, os 148 brasileiros que estavam em Benghazi, na Líbia, conseguiram enfim desembarcar em Atenas, na Grécia, às 7h30 (2h30 no horário de Brasília) deste domingo.


São funcionários da empreiteira Queiroz Galvão que trabalhavam em obras de infraestrutura em seis cidades no nordeste da Líbia e seus familiares.


A sensação era de alívio, após duas semanas de medo de que não conseguissem escapar do cenário de guerra que virou a região.


"Agora dá essa sensação de segurança, de que estamos quase em casa. Mas foi horrível. Foram dias de muito medo", afirmou, com lágrimas nos olhos, Maria Cleuda, que morava com o marido em Al Abya, cidade próxima de Benghazi.


Ela embarcou na manhã de sexta-feira, mas o navio teve de esperar o tempo melhorar para zarpar.


Saiu de Benghazi no sábado de manhã e levou cerca de 22 horas para chegar a Atenas.

















John Kolesidis/Reuters

Brasileiros que estavam trabalhando na Líbia desembarcam no porto Pireu, perto de Atenas (Grécia); eles relataram dias de medo


Brasileiros que estavam trabalhando na Líbia desembarcam no porto Pireu, perto de Atenas (Grécia); eles relataram dias de medo


Maria era uma das 25 brasileiras a bordo. Havia ainda 14 crianças.


"Depois que a gente embarcou, tudo ficou mais tranquilo. Mas até chegar ao porto, foram muitos momentos de terror. Precisamos passar por barreiras. Você via jovens com facas e metralhadoras na cintura. Havia gritaria nas ruas, tiros", afirma Roberto Roche, gerente de segurança da Queiroz Galvão na Líbia.


A maioria deixou muita coisa para trás. "Pegamos o que dava para levar em algumas malas. A gente não sabia o que daria para trazer. Mas viríamos embora com uma mochila se fosse preciso. O que ficou, ficou. Está perdido", diz Erika Canuto, que voltou com o marido e a filha, de 11 anos.


Ninguém afirma que nunca mais voltará para a Líbia. "Não sei. O futuro do país é muito incerto. Fizemos amigos lá, e não sabemos nem o que vai acontecer com eles", afirma Erika, mais uma que enche os olhos d'água ao falar.


Todos contam que os líbios de Benghazi foram muito solidários. "Sem a ajuda deles, não sei o que teria acontecido. Não saíamos às ruas. Eram eles que levavam comida, água, tudo para a gente", diz Erika.


Os brasileiros viajam amanhã cedo para Portugal. De lá, continuam num voo fretado até Recife, onde devem chegar às 22h.


ONU


O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou na noite deste sábado (26), por unanimidade, sanções severas contra o líder líbio Muammar Gaddafi, seus familiares e integrantes de seu círculo político. Essas sanções incluem a proibição das viagens de Gaddafi e o congelamento de seus bens.


A resolução aprovada pelo conselho de 15 nações também inclui uma referência a Corte Internacional de Haia a respeito da repressão das forças governamentais contra as manifestações populares, para posterior investigações de quaisquer responsáveis pela morte de civis.


A resolução aprovada tem por objetivo "atingir a ampla e sistemática violação de direitos humanos, incluindo a repressão de protestantes pacíficos". Os membros também manifestaram preocupação pela morte de civis, "rejeitando inequivocamente o incitamento de hostilidades e violências contra a população civil feita pelas mais altas autoridades do governo líbio".


A decisão das Nações Unidas ocorre na sequência de medidas semelhantes já adotadas pelos EUA. Obama assinou uma ordem executiva para congelar todos os ativos de Gaddafi, sua família e membros de seu regime.


Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenou sanções econômicas aos ativos do ditador e seu a família e mais tarde afirmou que Gaddafi teria "de sair do poder agora".


Os governos da Alemanha e Reino Unido e França apoiaram a decisão de Obama e pediram sanções severas ao país em conflito.


GUERRA CIVIL


Em entrevista à rede de televisão árabe Al Arabiya neste sábado, o filho do ditador líbio Muammar Gaddafi, Saif al Islam Gaddafi, disse que a escalada dos conflitos entre manifestantes e forças do governo podem levar o país a uma guerra civil ou à intervenção internacional na região.


O filho do ditador líbio também reconheceu que há "uma vontade interna de mudança" na Líbia, mas afirmou que os manifestantes estão sendo manipulados.

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